Colégio QI
João Pessoa, 29 de Agosto de 2012
Alunos: Flávia Monteiro, Rafaela Resende e Rodolfo Rodrigo
Série: 3° Ano Médio – I
Professor: Rodrigo Mateus
Disciplina: História
Consumismo
O consumista não age como o consumidor, que compra as mercadorias e os serviços de que necessita para sua existência, já aquele está sempre atravessando as fronteiras da necessidade e tocando as margens do supérfluo. Ele atua muitas vezes movido por distúrbios emocionais e psicológicos, ou por motivações sócio-econômicas, como uma espécie de compensação pela frieza do convívio social, pela carência financeira, por uma auto-estima deteriorada, e por tantas outras razões. O resultado dessa atitude impulsiva é geralmente o endividamento crescente, então o indivíduo assume uma sobrecarga de trabalho, na tentativa de eliminar as dívidas, conseqüentemente é submetido a um regime de exploração no trabalho, novamente se vê emocionalmente frágil e se torna propenso de novo ao consumismo feroz. Como se percebe, cria-se um círculo vicioso, do qual somente com muito esforço e um eficaz tratamento terapêutico o sujeito pode se libertar.
Além do mais, o acúmulo cada vez maior de supérfluos leva nossa sociedade a uma deterioração dos hábitos e dos valores, pois as pessoas se tornam gradualmente escravas do materialismo, em detrimento do caráter espiritual da vida. As próprias relações sociais se desvalorizam diante da valia crescente das mercadorias, na verdade até mesmo os relacionamentos se submetem a critérios materiais. O consumismo pode provocar também uma grave perturbação psíquica, a oneomania, que conduz o indivíduo a um gasto compulsivo, mais comum entre as mulheres. A natureza também é prejudicada pelo consumo ilimitado, porque o incremento das mercadorias, não só da demanda, mas também da oferta, produz no meio ambiente o aumento do volume do lixo.
Para que a pessoa busque um tratamento, é preciso primeiro que ela se conscientize do processo que se desenrola em sua psique, mas dar esse passo não é fácil, porque o consumismo é uma atitude muitas vezes inconsciente. O sistema capitalista gerou em nossa sociedade a ilusória concepção de que o consumo sem limites conduz ao bem-estar e é sinônimo de civilização. Assim, hoje freqüentamos Shopping Centers, verdadeiros templos do consumo, que se proliferam cada vez mais, e nos envolvemos em rituais de compra e aquisição de serviços, transformando o próprio corpo em mercadoria. Ao invés de nos entregarmos, como antes, a ritos sagrados, mergulhamos cada vez mais na natureza profana do consumismo. E como participar deste cerimonial moderno é cada vez mais caro, as pessoas passam a valorizar excessivamente os meios de aquisição, ou seja, tudo e todos são medidos em termos do metal precioso, do poder e da posição social que ocupa pré-requisitos, para se estar habilitado a um consumismo crescente. O símbolo da felicidade humana na sociedade contemporânea é a possibilidade de poder consumir sem freios, trocando em miúdos, a posse dos bens materiais. O que torna difícil sair dessa ciranda viciosa é que o sistema realimenta continuamente a sede de consumir, para ter à sua disposição um mercado sempre disponível.
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